*Antes de planejar a sua viagem para conhecer os cânions da Serra Gaúcha, vale checar o funcionamento dos parque por causa da pandemia. Fora da fase vermelha, estão abertos com limitação no número de visitantes em 40% da capacidade. O uso de máscara nas trilhas é obrigatório! Em São José dos Ausentes, muitos cânions ficam em propriedades privadas. Aí vale checar com alguma operadora de passeios!
A pequena São José dos Ausentes tem o ponto mais alto do Rio Grande do Sul e disputa com São Joaquim (SC) a marca de cidade mais fria do Brasil. Mas a grande atração dela não é exatamente o frio, e sim os cânions mais bonitos que já vi nesta vida. São os cânions que aparecem nas novelas da Globo, sabe? Em que a mocinha choca, cai do desfiladeiro, beija o mocinho etc.
O problema é que a cidade não tem uma super infraestrutura turística, então ela acaba tornando-se uma atração aos que visitam Cambará do Sul, onde ficam os famosos cânions Fortaleza e Itaimbezinho. As duas cidades estão a 55km, mas o trajeto entre elas é o maior problema: a estrada é de terra, completamente pedregosa e sem qualquer sinal de celular.
Isso significa que, com um carro comum, que não seja 4×4, o risco de arrebentar o pneu e não ter como pedir ajuda é altíssimo, quase certo. Para que você tenha uma ideia, uma viagem que duraria 1h normalmente acaba durando mais de 3h. A opção asfaltada é praticamente insana: são mais de 160 km dando uma volta gigantesca pela região.
Como minha base era Cambará do Sul, saí cedo da cidade para conhecer os cânions de São José dos Ausentes. Apesar da estradinha de terra horrível, ela tem vistas bem lindas. Fiz o passeio com a Genaro Turismo no mesmo esquema dos cânions de Cambará –quanto mais gente no rolê, mais barato fica. Fomos em três pessoas, e garanto que valeu super a pena.
Fechamos o tour com três passeios: o cânion da Encerra, com a vista da cachoeira Amola Faca, o cânion Monte Negro + a subida ao Pico Monte Negro e, por fim, o cachoeirão dos Rodrigues. Lembrando que o primeiro cânion e o cachoeirão estão em propriedades particulares, então pagamos o valor da entrada também (R$ 10 em junho de 2018). Antes de ir embora, ainda passamos pelo famoso termômetro de São José dos Ausentes e demos uma olhada super rápida pela cidade.
Mas vamos ao passeio (e lembre-se: a borda do cânion, no alto, é RS; o fundo do cânion, lá embaixo, é SC).
A primeira parada foi no cânion da Encerra (tem este nome porque, segundo o guia, era onde os tropeiros paravam para descansar, ou seja, “encerravam” o dia). Você paga pelo acesso na Pousada Ecológica. Pagando a entrada ali, você pode visitar tanto o cânion da Encerra quanto o Boa Vista. Como tínhamos pouco tempo por causa das péssimas condições das estradas de chão/pedras, acabamos fazendo só o Encerra –e não me arrependo.
O cânion é gigantesco e tem uma cachoeira linda, a cachoeira Amola Faca –aliás, este cânion também é conhecido como “Cânion Amola Faca“, por causa da cachoeira. A vista dos paredões ali são impressionante. Acabamos fazendo o nosso piquenique improvisado com aquela vista dos cânions e da cachoeira. Se um tempo sobrando, faça uma parada no Boa Vista (fica próximo da pousada).
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De lá, seguimos para o cânion Monte Negro. É o lugar em que são gravadas as cenas em que as carroças das mocinhas caem do abismo ou onde as protagonistas correm para encontrar o amado. No caminho, não perca de vista, lá longe, os moinhos de vento (sim, eu sei que se chamam torres eólicas) do parque eólico de Bom Jesus da Serra (SC), no topo da famosa serra do Rio do Rastro.
O Monte Negro tem duas vistas impressionantes: a primeira lá do alto do Pico Monte Negro, com 1.410m (é o ponto mais alto do Estado), e a outra na borda do próprio cânion. A trilha até o topo está fechada pelo mato, então não recomendo tentar subir por conta própria –vá com um guia. Lá em cima tem um livro de pico –e foi onde assinei um pela primeira vez!
Da borda do cânion, é possível ver as pontas de outros cânions da região: Realengo, Boa Vista e Encerra. No Monte Negro é possível ver ainda uma das pedras que está caindo há alguns anos –o guia até nos levou ao ponto exato em que a rocha está trincando (acredite, dá para ver o espaço que está se abrindo entre a pedra e o paredão, é assustador).
Saindo do Monte Negro, a terceira parada foi no Cachoeirão dos Rodrigues, que fica dentro da propriedade de uma pousada do mesmo nome. O local tem o rio Silveira e a cachoeira, obviamente, e ela impressiona pelo tamanho. A visita é paga (R$ 10 em junho de 2018). A pousada tem ainda uma exposição com móveis e fotografias das gravações de novelas da Globo que usaram a propriedade, como a refilmagem do Profeta e Além do Tempo.
Pode nadar? O dia nos disse que não, mas tenho colegas blogueiros que puderam dar um mergulho na área sem correnteza durante os dias mais quentes –lembrando que é serra gaúcha, então sempre faz frio em algum momento do dia.
Por fim, demos uma passada no centro de São José dos Ausentes para ver o famoso termômetro com toda a expectativa de que ele marcasse temperaturas negativas com o começo da noite –é claro que não bateu zero grau enquanto estávamos na cidade. Mas pela praça da igreja há alguns food trucks e comércios em que é possível comer algo.
Tem mais coisa para fazer em São José dos Ausentes?
SIM! Um dia é pouco! A opção é escolher uma das pousadas da região –a cidade em si é bem pequena, então recomendo a pernoite em alguma das pousadas nas fazendas da região dos cânions, assim você consegue explorar a região com calma.
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Outra opção, para os nada sedentários, são as trilhas. As agências oferecem caminhadas pelas bordas dos cânions que levam até quatro dias –a cada noite, dormindo em uma pousada diferente. Eles oferecem as refeições (café da manhã, o lanche do almoço durante a trilha e o jantar antes de dormir), água e o guia. A trilha passa por todos estes cânions (e os demais que estão entre o Encerra e o Monte Negro). Mas é preciso ter um baita preparo físico.