Eu já tinha ensaiado a viagem para conhecer Inhotim algumas vezes, mas sempre algo dava errado: era plantão, gripe, preguiça. Até que um amigo, de uma hora para outra, decretou: “vamos para Belo Horizonte no feriado depois de amanhã! Botamos gasolina no carro e dividimos o volante!” Não pensei duas vezes, e partimos para Minas Gerais.
Mas o que é Inhotim? Para os entendidos, é um grande centro de arte contemporânea nos arredores de BH. Para os leigos, um parque enorme cheio de obra de arte e bem bonito. O lugar não é público, é uma coleção privada de um cara chamado Bernardo Paz, empresário do ramo de siderurgia com muito dinheiro para gastar (há boatos de que tudo ali saiu por mais de R$ 500 milhões).
Inhotim é um lugar bacana para passear em grupo com amigos, com casal, com família e com crianças. Como o espaço é bem grande, vale comprar a entrada com direito ao uso do carrinho (são três rotas) pelo parque — e enfrente as filas, não tem jeito. Aliás, fila é um problema recorrente de Inhotim: tem na lanchonete, no restaurante rico, no restaurante “pobre” (leia-se menos caro, e não “bem barato”), na barraca de sorvete, no hot dog, no banheiro e nas próprias atrações.
Mas vá com dinheiro, cartões e tudo mais: a entrada é cara, o carrinho é caro, a comida lá dentro é cara E existe uma proibição velada de não entrar alimentos (mas vi muita gente com comida lá e me arrependi de não ter levado uma frutinha, já que passei muita fome enquanto esperava o pior hot dog da minha vida).
Vale fazer uma pesquisa prévia sobre quais obras você deseja visitar. Com essa listinha (acredite, vale anotar), marque no mapa, trace seu roteiro e seja feliz. Existem duas opções de ingresso: para um e dois dias. Muita gente diz que é preciso circular 2 dias pelo parque para ver e interagir com tudo. Eu fiz em um dia, chegando bem cedo e saindo praticamente expulsa no fechamento do parque, e acho que consegui ver o que precisava — mas, durante a minha visita, boa parque do fundo do parque estava fechada para uma obra hídrica do governo de MG — lá falta tanta água quanto em SP ou no Rio.
Você não sabe quais obras visitar? Faça a lição de casa e descobrirá que já viu por esse mundão muitas fotos de lá e que você nem sabia de onde eram. E faça as fotos nos clichês de Inhotim, como o fusca colorido. Se estiver animado(a), leve roupa de banho e se arrisque na piscina de uma das obras (eu nem cheguei a pensar nisso). Mas reze para o cloro não destruir seu cabelo. Aliás, o parque tem aquelas visitas monitoradas clássicas (e curtas). Começa às 11h na entrada do parque.
DICA IMPORTANTE: O MAPA NÃO ESTÁ EM ESCALA. Não ache que você vai andar pouco só porque as obras estão próximas no mapa. VOCÊ VAI ANDAR MUITO. MAS MUITO MESMO.
Mas onde você ficou hospedada? Humm, então. Fiquei em BH. Eu quis ficar em BH porque queria aproveitar a cidade, visitar a Lagoa da Pampulha, comer no mercado central, bater perna pela tal da famosa Savassi (onde estão os bares, a Vila Madalena deles). Como estava 1- em cima da hora para fechar hotel 2- sem dinheiro para pagar hotel que ainda tivesse vaga, fechamos em um Airbnb e: recomendo! Valeu a pena pela grana, pela orientação do dono do apê (ele deu umas dicas de onde comer, beber, passear).
Mas para quem optar por visitar o parque em 2 dias ou só quiser passar um tempo comendo, bebendo e dormindo, vale ficar na cidade de Brumadinho. Lá tem pousadas para todos os gostos, preços e luxos. Só passei de carro pela cidade e confesso que não vi atrações para bater perna (achei a cidade meio caída e peço desculpas. Mas é que eu gosto de andar quando viajo, e ali não me pareceu ter muitas atrações).
Mas você foi de carro! E o avião? E o ônibus. Achei que o avião financeiramente não valeria a pena. A passagem em cima da hora é caríssima e, mesmo comprando antecipada e pagando uma pechincha, ainda precisaria do táxi até o aeroporto em SP, do aluguel do carro para ir até Inhotim e para circular em BH. Sim, existe ônibus que vai e volta de Inhotim a partir de BH. Mas ele não chega cedo, assim que o parque abre, e sempre tenho medo de perder a saída e ficar para trás.
A rodovia Fernão Dias só é assustadora no trecho de SP. Ela é totalmente duplicada até BH e, tirando algumas serrinhas bem tranquilas, é uma grande reta. A parte mais lotada de carros é a chegada a Betim (a Guarulhos deles). Sim, tem caminhões por todo o caminho. Mas é só dirigir com prudência. E nem pense em pisar e esticar o carro: tem radar por todo o percurso. Vá de boa e seja feliz. Além disso, ela tem pedágios baratos (e você deve pagar os mais de R$ 20 para ir até Santos, lembre-se disso).
Regras: O parque abre às 9h30 e fecha às 16h30 (ele só estica até 17h30 em finais de semana e feriados. O ônibus sai de BH às 8h15, lá da rodoviária. Ida e volta saem por R$ 50, mas vale checar os valores (tempos de crise, lembre-se disso). A entrada de semana sai por R$ 20, mas nos finais de semana e feriados custa R$ 40. O parque não abre às segundas, e algumas pousadas da região também não recebem hóspedes neste dia, então se programe. O carrinho custa mais R$ 20. E a meia-entrada vale para o parque, não para o carrinho. Meu conselho? Compre tudo pela internet e só retire no local. A fila será muito menor.
Pode fotografar? SIM! Mas quando eu estive lá não era permitido, Por isso, já peço desculpas pelas imagens internas roubadas (crianças, não façam isso em casa).