Por Renata Miranda*
Desde que mudei para Berlim em abril de 2013, o Spreepark é uma obsessão. Nem lembro quem foi a primeira pessoa a me falar do lugar –uma espécie de Disneylândia da Guerra Fria–, mas assim que vi as primeiras fotos na internet, me apaixonei.
Minha primeira visita, no entanto, demorou para acontecer: só no fim de novembro é que cruzei a floresta de Plänterwald até os portões enferrujados do parque. Do outro lado, dinossauros, pedalinhos em formato de cisne e um carrinho de montanha russa que é engolido por um gato psicodélico contribuem para a atmosfera de um lugar que parece ter parado no tempo.
O parque, localizado na antiga Berlim Oriental, foi aberto no final dos anos 60 e era um dos principais pontos de diversão da Alemanha comunista. Após a queda do Muro de Berlim, em 1989, porém, o espaço caiu em decadência –parte pela queda no número de visitantes, parte pela má gestão administrativa. A família responsável pelo parque se envolveu em uma série de escândalos, o mais famoso deles quando o patriarca foi preso tentando contrabandear para a Alemanha 167 quilos de cocaína dentro de uma brinquedo chamado “Tapete Voador”.
O parque fechou no início dos anos 2000 e caiu nas graças do Abandoned Berlin (www.abandonedberlin.com), um site que lista todos os espaços abandonados da capital alemã e ensina como burlar a segurança para poder invadir os locais e tirar fotos, fazer festas ou simplesmente conhecer um pouco do passado da cidade.
Com o Spreepark não foi diferente. Uma galera começou a invadir o espaço para ver de perto esse pedacinho da história alemã. Foi aí que a administração do parque viu uma oportunidade de ganhar dinheiro e hoje é possível fazer tours guiados pelas ruínas deixadas pela Guerra Fria.
Para fazer a visita é preciso reservar pela internet no site do parque (www.berliner-spreepark.de). O passeio, sempre aos sábados e domingos, custa 15 euros por pessoa. Infelizmente não é possível entrar nos brinquedos. A situação geral do parque é tão precária, com estruturas podres e enferrujadas, que, por questões de segurança, o passeio é feito a bordo de um trenzinho e é proibido caminhar sozinho pelo parque. Schade!
Como chegar: vá até a estação Plänterwald da S-Bahn. De lá, é uma caminhada de uns 5 minutos.
*É jornalista e fã de Wilco, uma banda bem boa. Mora em Berlim e no meu coração, mas conhece muita coisa desse mundão turista.
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