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Como visitar Santa Clara, a cidade de Che Guevara

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Santa Clara fica bem no centro de Cuba (localização excelente para qualquer viagem), mas é uma cidade meio paradona. A cidade é importantíssima na história da revolução cubana e é onde Che Guevara está sepultado.

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A verdade é que dá para ver o que importa em Santa Clara em meio dia. Sim. Se você chega na rodoviária, caminha 5 quadras mais ou menos e está no mausoléu do Che. Caminha outras dez (voltando aquelas cinco) e está na praça central. Mais três quadras, está no Trem Blindado. E fim.

Vamos do começo: para quem não sabe, Che morreu na Bolívia em 1967 e foi jogado em uma vala comum. Em 1997, depois de anos de buscas, acharam o local em que ele foi enterrado. A ossada estava sem as mãos (que foram arrancadas como prova de que aquele era efetivamente o cadáver de Che Guevara).

Che foi levado para Cuba, recebido com honras de Estado e sepultado como herói. Para a nova geração cubana, foi ter algo mais “palpável” do que as histórias sobre o homem que ajudou a liderar a revolução, que aquele cara que estampa tudo quanto é muro não era uma lenda. Seus restos mortais foram identificados por radiografias e arcada dentária, mas até DNA foi feito em 2007 para provar que o Che era o Che.

O mausoléu foi construído para abrigar os seus restos mortais em 97, e ele é dividido em duas partes. A primeira a ser visitada tem uma exposição com objetos do Che e de sua guerrilha. Na realidade, a impressão que dá é a de que tudo o que ele já tocou no mundo está lá (e se não está lá, há uma cópia). Discursos, livros, talheres, copos, papéis, tudo.

A parte mais bizarra (na minha opinião) é que estão lá as cinzas do amigo de Che, Alberto Granado, que foi viver em Cuba a convite do colega após a revolução (sim, é o cara que viajou na motocicleta pela América do Sul). As cinzas de um amigo viraram parte da exposição, juro para vocês. Achei meio desrespeitoso.

Você não pode entrar ali com nenhum pertence (fotos só do lado de fora do mausoléu). Há guarda volumes. E a visita toda é grátis.

A segunda parte tem efetivamente o túmulo de Che e dos guerrilheiros mortos. Não pense em ver estátuas e homenagens. São gavetas com imagens dos rostos dos guerrilheiros e a de Che está no meio. Tudo muito simples, mas muito simbólico e respeitoso.

Tudo isso está sob uma grande estátua de Che. Ao redor estão trechos de discursos dele. Em um dos blocos, aparece a carta em que ele informa a Fidel Castro que vai partir para espalhar a revolução (há pesquisadores que dizem que o Che e o Fidel já não eram mais tão amigos nesta época e que não concordavam com a forma de administrar Cuba, então o Che ficou de saco cheio e vazou, deixando o Fidel pra lá).

Do outro lado da cidade está o famoso trem blindado. Para chegar até lá, você passará pela praça central. Lá tem sinal de wi-fi, restaurantes mais baratos, cadeca (para trocar dinheiro). Rende boas fotos. O problema é aturar todo mundo oferecendo tudo o tempo todo (troca de moeda, táxi, restaurante, cartão de internet etc).

E lá vamos nós entrar em história de novo: Santa Clara só é a Santa Clara de Che hoje por causa da Batalha de Santa Clara. Foi ali que Che e seus guerrilheiros descarrilaram um trem blindado cheio de soldados de Fulgêncio Batista em 1958. Sem a vitória ali, a Revolução Cubana não seria possível. Sem a tomada de Santa Clara, eles nunca tomariam Havana. E tomaram. E fizeram o que fizeram.

No ponto em que o trem descarrilou foi construído um monumento usando alguns dos vagões verdadeiros. Para entrar nos vagões é preciso pagar (algo entre 5 e 10 CUC), mas vale apenas para entender como era feita a blindagem com areia. Se isso não te interessa, veja tudo pelo lado de foram. O que mais impressiona mesmo é a vista externa (E sim, até a escavadeira usada para levantar os trilhos e descarrilhar os vagões está lá). Os trilhos estão ali também, mas são parte da malha ferroviária usada por Cuba até hoje (isso significa que foi arrumado).

Como chegar em Santa Clara? Ônibus da Viazul! Aqueles ônibus intermunicipais saem das principais cidades pela manhã e voltam no fim do dia. Eu saí de Trinidad (grande erro), mas ele sai de Cienfuegos e até de Havana. Aí vem a grande DICA: se você quer voltar de ônibus, compre a sua passagem de volta antecipadamente, já com a ida. E CHEGUE CEDO, BEM CEDO. Horário de ônibus em Cuba é algo meio hipotético. Ele pode sair muito atrasado e muito adiantado (acredite, meu ônibus saiu meia hora mais cedo e fiquei presa em Cienfuegos).

Outra opção é táxi compartilhado. Você negocia o preço ali mesmo na rodoviária. Negocie, chore o preço.

Outra dica: quando você chega em Santa Clara, vão te oferecer táxi, charrete, moto, até te levam no colo se for preciso até o mausoléu do Che. Vão cobrar 5 CUC, 10 CUC. E é um trajeto facilmente feito a pé. Você pode até pagar para ir ao trem blindado se não quiser caminhar, mas eu sempre recomendo a caminhada. É a melhor forma de ver o modo de vida, saber como a cidade funciona, conhecer gente e observar.

Minha sugestão, de coração? Fique em Cienfuegos e, de lá, conheça Trinidad e Santa Clara. Dá até para conhecer Santa Clara no caminho para algum dos Cayos (me arrependi muito de não ter feito isso, farei na próxima).

E você fez tudo isso sozinha, Talita? Não! No ônibus, a caminho de Santa Clara, conheci uma argentina super legal chamada Lore. Conversa vai, conversa vem, acabamos fazendo todo o passeio por Santa Clara juntas. Almoçamos, andamos em um carro da década de 50 praticamente desmontando na estrada, trocamos impressões sobre a cidade e sobre a vida em Cuba. Meu conselho: converse, converse muito em Cuba!

Quer saber mais sobre Trinidad? Contei um pouco neste post



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