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Paranapiacaba: O que fazer na vila inglesa? Veja 10 dicas

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A vila histórica de Paranapiacaba é um dos lugares mais legais para quem busca o que fazer em um dia, em um bate e volta a partir da cidade de São Paulo. Além dos vagões de trens abandonados e dos casarões no estilo inglês, é na vila de Paranapiacaba que fica o primeiro campo de futebol do Brasil (com as medidas padrão).


Aliás, “Paranapiacaba” significa, em tupi, “lugar de onde se vê o mar”. Nos dias em que o céu está limpo, é possível ver Cubatão do alto (em uma das trilhas; se o dia ajudar, talvez você consiga ver algo lá de Cubatão a partir do Castelinho ou do trilho por onde descem os trens até hoje). Mas não conte com a sorte: não vá para Paranapiacaba sem um bom casaco, já que a neblina e o frio podem dar as caras a qualquer hora do dia (leve protetor solar e repelente também: quando abre sol, é daquele bem ardido).

Além das cachoeiras, quem busca o que fazer em Paranapiacaba pode se planejar para curtir os eventos culturais e festivais que tornaram a vila famosa e celebram a cultura caipira brasileira. O Festival de Inverno, por exemplo, atrai visitantes de todo o país com música, dança, comida típica e artesanato local no mês de julho. A vila realiza ainda um encontro de bruxas e magos anual.

A região da vila inglesa pertencia à Rede Ferroviária Federal (RFFSA), e foi comprada pela Prefeitura de Santo André em 2002. Ela foi restaurada e tombada em 2008. Os trens da São Paulo Railway escoavam a produção de café do interior de São Paulo até o porto de Santos e levava os imigrantes que desembarcavam no porto para as lavouras de café no interior — se sua família é descendente de imigrantes que substituíram a mão de obra escrava no campo, é provável que seus parentes tenham passado por Paranapiacaba no começo do século 20.

Qual o melhor dia para ir em Paranapiacaba?

Os melhores dias para visitar a Vila de Paranapiacaba são sábados e domingos. É possível visitar a vila em dias úteis, mas existe o risco de encontrar muitas atrações fechadas, como os museus. As atrações também costumam ficar abertas aos feriados. Vale lembrar que a vila fica mais vazia nos dias de final de semana em que o Expresso Turístico não vai pra lá (o que significa que é mais fácil e mais barato para almoçar e dá para passear com mais tranquilidade).

O que fazer em um dia em Paranapiacaba?

Fundada no século XIX, a vila Paranapiacaba foi originalmente estabelecida como um centro operacional para a ferrovia São Paulo Railway Company, que ligava o interior do estado à cidade de Santos, onde fica o maior porto do Brasil.

Com uma arquitetura singular que remete a uma vila inglesa do século XIX, Paranapiacaba é um verdadeiro tesouro histórico, preservando sua herança ferroviária e encantando visitantes com seu ambiente pitoresco.

1- Pátio Ferroviário de Paranapiacaba
2- Museu Ferroviário
3- Clube União Lyra Serrano
4- Museu Castelinho
5- Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba
6- Casa Fox
7- Antigo Mercado de Secos e Molhados
8- Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo (CDARQ)
9- Festival de Inverno
10- Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba (e o cemitério)


Pátio Ferroviário de Paranapiacaba

O famoso relógio inglês da Vila de Paranapiacaba
O famoso relógio inglês da Vila de Paranapiacaba. Foto: Prefeitura de Santo André

É no Pátio Ferroviário que está o paraíso dos fãs de Instagram: é onde está o icônico relógio Big Ben, recentemente restaurado, cuja torre pode ser avistada à distância quando a neblina permite. Construída em 1898, a torre abriga um relógio da marca Johnny Walker, originário de Londres. No pátio, estão também os vagões e locomotivas abandonadas, os galpões das oficinas antigas e a ponte metálica, que liga a parte alta da cidade com a parte baixa.

A visita ao pátio não é permitida (nem chegar perto do relógio). Mas a ponte é passagem obrigatória para quem cruza da parte alta para a parte baixa da vila.

Museu Ferroviário

Quando a neblina quase esconde o relógio na Vila de Paranapiacaba. Foto: Prefeitura de Santo André

O Museu Tecnológico Ferroviário de Paranapiacaba fica no Pátio Ferroviário. Chamado também de Museu Funicular, ele abriga o primeiro sistema funicular que era usado para descer e subir a Serra do Mar, em 1867 (detalhe é que o sistema ainda existe até hoje, mas está completamente abandonado; algumas pessoas se arriscam, caminhando pelos trilhos, inclusive em pontes com mais de 50m de altura que não recebem qualquer tipo de manutenção há décadas. Mas o “passeio” pela serra é proibido).

A primeira locomotiva que fez o trajeto entre Santos e Jundiaí está exposta no museu. A entrada no Museu Ferroviário custa R$ 14 (com meia entrada; preço de janeiro de 2024), mas ele só abre aos finais de semana e feriados.

Recomendo que você leve repelente para visitar o local. Ele está bem abandonado (com mato alto para caminhar entre as locomotivas).

Clube União Lyra Serrano

Primeiro campo de futebol do Brasil, em Paranapiacaba
Primeiro campo de futebol do Brasil fica em Paranapiacaba. Foto: Eduardo Merlino/Prefeitura de Santo André

Fica na vila de Paranapiacaba o primeiro campo de futebol do Brasil: o campo de futebol do clube União Lyra Serrano é considerado o primeiro com medidas oficiais do país. Aliás, o famoso Charles Miller, um dos responsáveis pela chegada do futebol ao Brasil, era filho de funcionários da São Paulo Railway. O campo não fica na sede do clube (mas nada fica muito longe, já que a vila é bem pequena).

O campo foi restaurado em 2023, incluindo a arquibancada os trilhos de trem que servem como base para o alambrado. Os vestiários antigos viraram banheiros para os visitantes (já que o campo ainda é usado para a prática de esportes), e novos vestiários foram construídos.

Ao lado do campo, está um museu que homenageia Charles Miller. Para quem não sabe (eu não sabia): Charles Miller nasceu no Brasil, era filho de entre John d’Silva Miller, escocês que migrou para o Brasil em busca de oportunidades na São Paulo Railway Company, e Carlota Fox, brasileira com ascendência inglesa. Com 10 anos, Charles foi estudar na Inglaterra, onde aprendeu a jogar futebol (e ele jogou pelo Corinthians britânico). Ele volta ao Brasil para trabalhar com o pai na São Paulo Railway, trazendo bolas, chuteiras e um livro com regras de futebol. Para saber o resto da história, vale ler o perfil dele no site do Museu do Futebol.

Aliás, é neste museu que está o troféu da vitória do Serrano sobre o Corinthians por 2 a 1!

Museu Castelinho

Museu Castelo, em Paranapiacaba
Museu Castelo, em Paranapiacaba. Foto: Prefeitura de Santo André/Reprodução

O Museu Castelinho é conhecido como o “Castelinho de Paranapiacaba”. Uma mansão no estilo vitoriana que era a residência do engenheiro da estação ferroviária. Como a casa fica na parte alta da cidade, ele tinha uma visão panorâmica dos trabalhos na ferrovia (inclusive do Pátio Ferroviário). A piadinha que se faz por lá é de que o patrão morava na mansão de 16 cômodos com vista para todos que estavam trabalhando, mas a neblina sempre aparecia para ajudar o proletariado a trabalhar em paz, longe das vistas do chefe.

Entre as inúmeras lendas de Paranapiacaba, dizem que o tal Castelinho tem os quartos assombrados. A entrada custa R$ 10, com visita guiada.

Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba

Mirante em trilha de Paranapiacaba
O mirante da Trilha do Mirante de Paranapiacaba. Foto: Prefeitura de Santo André/Reprodução

A região de Paranapiacaba é muito famosa entre trilheiros (e de vez em quando aparece no noticiário que algum grupo de turistas se perdeu nas trilhas e precisou do resgate dos bombeiros, não seja essa pessoa). Há trilhas que seguem para Mogi das Cruzes e para o litoral (no caso, até Cubatão).

Não recomendo entrar nas trilhas sem o auxílio de um guia (um guia de verdade, não a turma que oferece o passeio sem ser guia –até esses já foram resgatados por bombeiros). Vale trocar uma figurinha com a AMA (Associação de Monitores Ambientais) de Parapapiacaba (WhatsApp: 11 96498-2120 e e-mail: ama.paranapiacaba@hotmail.com). Ao lado do ponto de informações turísticas (passe lá, eles dão mapinha!), há um ponto de atendimento de guias credenciados.

Há outras trilhas no Parque Estadual da Serra do Mar, no Núcleo Itutinga-Pilões.

Entre as trilhas mais curtinhas, estão a Trilha das Hortências (325m de extensão, tempo de percurso de 30 minutos e grau de dificuldade médio por causa da descida, que força mais os joelhos); a Trilha dos Gravatás (com 389m de extensão,  tempo de percurso de 30 minutos e grau de dificuldade fácil); a Trilha da Água Fria (368m de extensão, tempo de percurso de 30 minutos e grau de dificuldade médio. Mas vai até uma cachoeira).

A trilha do Mirante tem 1.185m até o mirante, e passa pelo caminho de manutenção das primeiras antenas de TV da serra do Morrão. O tempo de percurso é de 1 hora, e tem grau de dificuldade fácil. O está a cerca de 1.000m de altitude, é possível ver em dias claros a Serra do Mar, a Baixada Santista, o sistema Anchieta-Imigrantes e o complexo industrial de Cubatão (que é feio demais).

Uma curiosidade: a divisa entre Santos e Santo André fica bem no mirante. E diz a lenda que, de lá, em dias muito limpos, dá para ver até o Pico do Jaraguá! Durante o Festival de Inverno, quando a vila está lotada, os guias organizam grupos para ver o pôr do sol do mirante.

A trilha da Pontinha também é considerada de fácil dificuldade. Com percurso de cerca de 1h em 1.090 metros de extensão, nela é possível tomar banho de rio (a água é usada para abastecer parte da Vila de Paranapiacaba). A trilha da Comunidade é a mais difícil do Parque das Nascentes, com trechos de descida mais pesados, com trechos de desnível de mais de 270 metros. Ela tem 1.568 metros de extensão, e é percorrida em 2h. Nela, está a nascente do Rio Pinheiros.

Para quem se anima com a trilha e gostaria de voltar da mata e buscar um banho quente e uma cama gostosa, Paranapiacaba tem opções de hospedagem (que também podem ser usadas por quem quer curtir um fim de semana em meio à natureza). Veja algumas opções com reserva pelo Booking.

 

Casa Fox

A Casa Fox (ou Casa da Família Ferroviária) reconstitui como eram as residências dos trabalhadores da ferrovia. A entrada é paga, e a visitação é monitorada. Ela fica bem na frente da estação de trem onde os passageiros do Expresso Turístico desembarcam (e tem banheiro público limpo!). Aliás, note como quase todas as casas ainda possuem os banheiros do lado de fora das residências (como no século passado).

Antigo Mercado de Secos e Molhados

Antigo Mercado de Secos e Molhados de Paranapiacaba
Antigo Mercado de Secos e Molhados de Paranapiacaba, que vendia alimentos para os trabalhadores da ferrovia. Foto: Ricardo Trida/Prefeitura de Santo André

Instalado em um edifício histórico, o ponto de fornecimento de mantimentos para os ferroviários foi restaurado e vende produtos artesanais da região, incluindo os que são feitos de cambuci, que é uma fruta típica da região. É ali que você vai encontrar doce de cambuci, licor de cambuci, cachaça de cambuci, sorvete de cambuci e por aí vai. Ele também só abre aos finais de semana.

Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo (CDARQ)

Para os fãs de história e arquitetura, o CDARQ é parada obrigatória. É ali que estão as informações sobre os dois povoados que resultaram na vila inglesa, Vila Velha e Vila Martim Smith, que formam a atual Paranapiacaba.

Segundo o Iphan, Vila Velha era ocupada por comerciantes que forneciam produtos aos ferroviários da São Paulo Railway; já a Vila Martin Smith foi criada com plano urbanístico que previa a construção de edifícios padronizados. Toda a área pertencia à Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Santo André, em 2002.


Festival de Inverno

O FIP (Festival de Inverno de Paranapiacaba) ocorre sempre no mês de julho. As atrações, atividades e shows costumam ser gratuitos (recomenda-se a doação de alimentos não-perecíveis e agasalhos). As apresentações ocorrem por toda a vila. Para quem vai de carro até Paranapiacaba, há cobrança de estacionamento (em 2023, foi cobrado R$ 50 por dia).

Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba

Igreja e Cemitério Bom Jesus de Paranapiacaba
Igreja e Cemitério Bom Jesus de Paranapiacaba, onde trabalhadores vítimas de uma epidemia estão sepultados. Foto: Prefeitura de Santo André/Reprodução

A Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba era originalmente conhecida como Capela Alto da Serra, e realiza missas aos domingos, ao meio dia. A capela foi inaugurada em 1889, mas teve sua “pedra fundamental” para celebração de missas em 1884. Além de ser uma construção histórica, tem uma vista muito boa da parte baixa da vila.

Ao lado, fica o Cemitério Bom Jesus de Paranapiacaba, construído pelos Ingleses, que na época construíam e trabalhavam na estrada de ferro. Durante a construção da ferrovia, ocorreu uma epidemia que matou centenas de funcionários, que estão sepultados ali até hoje.



Paranapiacaba: Como chegar?

A vila de Paranapiacaba fica na cidade de Santo André, na região do ABC, e foi construída em 1860, pela empresa São Paulo Railway para abrigar seus funcionários, que trabalhavam na construção da ferroria Santos – Jundiaí, pode onde o café produzido no interior de SP era enviado para o porto (que existe até hoje, mas possui uma baldeação na estação Brás. Mas você ainda consegue chegar até Jundiaí de trem).

Ela fica a cerca de 1h30 de carro a partir de São Paulo, tanto de carro como com o Expresso Turístico, que vai até a Vila de Paranapiacaba aos finais de semana. Durante a semana, é possível ir até a estação final de Rio Grande da Serra, na Linha 10 – Turquesa da CPTM, e pegar um ônibus ou um Uber.

Pode ir de carro para Paranapiacaba?

Sim! É possível chegar de carro em Paranapiacaba. São cerca de 60km pela Via Anchieta e pela Rod. Índio Tibiriçá. Você segue na Via Anchieta, sentido litoral, e pega a saída que fica logo após a represa Billings (km 29), na pista local. Não erre neste ponto, ou você precisará pagar o pedágio para fazer o retorno (e esse pedágio é bem caro, mais de R$ 30).

Siga pela Rodovia Caminho do Mar até a rotatória que dá acesso à Rod. Índio Tibiriçá (SP-031). Aqui não tem como errar: de um lado, fica o acesso à rodovia; do outro, a Estância Alto da Serra; se seguir reto, seguirá até a entrada do Parque da Serra do Mar, onde fica a Estrada Velha de Santos (e é possível descer a pé até lá).


A Rod. Índio Tibiriçá possui muitos radares, então não se anime em passar do limite de velocidade. Siga por ela até Ribeirão Pires e, de lá, até Rio Grande da Serra pela SP-122, que terminará na parte alta da Vila de Paranapiacaba. No total, o trajeto costuma dar cerca de 1h30. Há também um caminho que leva até a parte baixa da vila, mas com uma estrada de terra. Veja mais detalhes dos trajetos completos.

Paranapiacaba de trem

De trem, é possível chegar na Vila de Paranapiacaba pela Linha 10 – Turquesa da CPTM. É só seguir até o final dela, a estação Rio Grande da Serra – o trem comum não vai até Paranapiacaba. Aliás, a estação de Rio Grande da Serra foi tombada pelo patrimônio histórico. De lá, é preciso pegar um ônibus da EMTU nos arredores da estação. Existem duas linhas que servem de opção: a 424 – Paranapiacaba e a 040 – Paranapiacaba.

Já o Expresso Turístico Paranapiacaba, é operado pela CPTM com trens aos finais de semana (nem sempre aos sábados, mas sempre aos domingos). O trajeto tem cerca de 48km, e dura 1h30. Os passageiros podem escolher entre embarcar na Estação da Luz ou na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André, que faz parte da Linha 10-Turquesa. Os ingressos precisam ser comprados com antecedência pela internet (por isso, programe-se). O embarque é iniciado às 8h. O retorno ocorre às 16h30, com embarque a partir das 16h e chegada prevista às 18h na Luz.

Quanto custa o trem turístico para Paranapiacaba?

Os preços do Expresso Turístico Paranapiacaba (em janeiro de 2024) eram: R$ 50 para 1 passageiro; R$ 82 para 1 passageiro e 1 acompanhante; R$ 115 para 1 passageiro e 2 acompanhantes; R$ 148 para 1 passageiro e 3 acompanhantes. Idosos com mais de 60 anos pagam meia entrada. Crianças com menos de 6 anos viajam gratuitamente (desde que não ocupem um assento, ou seja, é preciso viajar no colo). Como o Expresso Turístico segue até Paranapiacaba, você desembarcará na parte baixa da vila.

Porque Paranapiacaba é assombrada?

As lendas sobre a Vila de Paranapiacaba são tão famosas que já viraram até série (Vale dos Esquecidos, da HBO, inclusive foi gravada lá). É trem fantasma, barulhos de batidas nos vagões no meio da noite, vulto do casal que morou na mansão, fantasma bailarino no palco do Clube Serrano, gemidos de funcionários que morreram na construção da ferrovia e por aí vai. As histórias rendem até passeios temáticos.



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